Depressão na Gravidez e Puerpério

A depressão na gravidez costuma ser mais comum do que se imagina. Em geral, 1 a cada 7 gestantes sofrem de depressão durante a gravidez. Apesar de se considerar um momento feliz e de realização na vida da mulher, para algumas se torna um momento de confusão, medo, estresse e desenvolvimento de sintomas psíquicos mais graves como a depressão. 

A depressão se caracteriza por um estado de humor entristecido, com a perda de interesse pelas coisas em geral, cansaço e pode se cursar associada a outros distúrbios de sono, apetite, comportamento, entre outros. 

Diagnosticar a depressão na gravidez é um pouco difícil porque em geral alguns de seus sintomas são bem comuns na gravidez, como por exemplo, as alterações do sono, a falta de disposição, um aumento ou diminuição de apetite, ausência de libido e a inconstância de sentimentos. É importante estar atento aos níveis de gravidade desses sintomas e o quanto eles exercem um papel estagnador no cotidiano da gestante para poder se fazer um diagnóstico diferencial entre os quadros de depressão (onde ocorrem desequilíbrios nos níveis de substâncias bioquímicas no cérebro) e os estados típicos das variações hormonais da gravidez.  

Muitas vezes as grávidas tendem a menosprezar suas queixas psicológicas, concentrando-se principalmente nos aspectos da saúde física durante a gravidez, pois a sociedade tende a estigmatizar o estado emocional da gestante como naturalmente frágil e passageiro. Porém, os sintomas de uma depressão são muito sérios e podem causar danos ao desenvolvimento normal da gestação como perda de peso, anemia, entre outros transtornos bem graves. 

 Entre os fatores de risco associados a depressão na gravidez temos a ansiedade, o estresse, histórico anterior de depressão familiar, gravidez indesejada, problemas de relacionamento com o parceiro, complicações da gestação, história de abuso ou traumas anteriores, falta de apoio social e/ou familiar. 

Em termos de prevenção, a mulher que deseja ter uma gravidez psicologicamente saudável, evitando os sintomas depressivos, deve apostar em:  

 -exercícios regulares, porque ajudam a criar sentimentos positivos e melhoram o humor                

– ter um sono de qualidade com 8 ou mais horas                                                                                     

 –obter uma dieta saudável e balanceada para não engravidar acima do peso                                         

-evitar o álcool que é um depressivo (inclusive na gravidez que pode causar a síndrome alcóolica fetal) ou qualquer tipo de fumo ou droga 

Os sintomas que apontam para o quadro de depressão na gravidez têm relação direta com os níveis de gravidade e o tempo de persistência dos mesmos. É normal passar por períodos de tristeza, porém na depressão esses momentos são prolongados, durando pelo menos 2 semanas contínuas ou mais.  Gestantes com depressão apresentam alguns dos seguintes sintomas por mais de 20 dias consecutivos: 

-Tristeza persistente 

-Dificuldade de concentração 

-Dormir muito pouco (menos de 6 horas) ou demais (mais de 10 horas) 

-Perda de interesse pelo trabalho e atividades cotidianas 

-Pensamentos recorrentes de morte, suicídio ou perda do bebê 

-Ansiedade  

-Sentimentos de culpa ou inutilidade 

-Mudança nos hábitos alimentares (aumento ou diminuição exagerados no apetite) 

 Algumas gestantes podem apresentar muitos sintomas, outras, poucos. Como também a frequência e a intensidade deles pode variar de pessoa a pessoa. É fundamental levar o problema para o obstetra logo que sentir que esses sinais estão mais tempo ou mais pesados do que o normal. Um encaminhamento para outro especialista pode ser necessário para uma melhor avaliação e tratamento.  

Sobre o tratamento da depressão na gravidez, existem atualmente medicações possíveis de serem administradas com segurança para gestantes, sem prejuízos para o desenvolvimento fetal, que atuam equilibrando as substâncias neuronais e restabelecendo padrões psíquicos sob o ponto de vista bioquímico.  

Paralelamente é indicado que a gestante mantenha os cuidados com a alimentação e o corpo e associe uma psicoterapia ao tratamento da depressão para que possa elaborar os conflitos e problemas emocionais que estão diretamente ligados ao quadro depressivo.  

 O equilíbrio das emoções e sentimentos deve ser trabalhado durante a gravidez como meio de preparação da mulher para assumir psicologicamente a maternidade e lidar com todas as transformações e desafios que esse período representa. A qualidade de vida na gravidez influencia muito a condição do puerpério. 

 

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O quadro de depressão pode só aparecer após o parto, o que ocorre geralmente alguns dias após o nascimento do bebê, mas pode também ocorrer semanas depois. A duração do problema é variável, mas pode se estender por muitas semanas e trazer sérios riscos para o vínculo da mãe com o bebê, sobretudo no que se refere ao aspecto afetivo, incidindo diretamente na capacidade de aleitamento. 

 A literatura sobre o assunto ressalta os efeitos desastrosos para o desenvolvimento psicoafetivo e cognitivo da criança com sequelas até mesmo na infância e adolescência em função do grau de rejeição e desinvestimento da mãe sobre o filho. 

A depressão pós parto não é uma falha de caráter, um desamor da mãe pelo filho ou uma fraqueza. É uma psicopatologia que deve ter tratamento específico para gerir os sintomas restabelecendo a relação mãe-bebê. 

 Por muito tempo se pensou que a depressão pós parto só atingisse as mulheres. No entanto, estudos comprovaram que homens também podem desenvolver esse quadro em função do fim de um longo período de expectativa e espera com a gravidez da parceira, além das inseguranças e medos por conta das responsabilidades e transformações de vida com a chegada de um filho. 

 Nas mulheres, a principal causa da depressão puerperal é o enorme desequilíbrio hormonal com o término da gravidez. O organismo leva um tempo, que é muito particular de cada mulher, para se reequilibrar e voltar a se comportar como antes. Isso sem contar com a privação de sono, o isolamento, a adaptação aos trabalhos com o recém-nascido, o ajuste ao aleitamento, entre tantas novas rotinas no pós parto. Se ocorrerem fatores agravantes como sedentarismo, crises no relacionamento com o parceiro, falta de apoio familiar, histórico de antecedentes familiares com transtornos mentais, vícios em álcool ou drogas, tensões externas a nível profissional ou financeiro, enfim, tudo isso pode favorecer a eclosão dos sintomas depressivos no pós-parto. 

Entre os fatores de risco para a depressão puerperal que aumentam a chance da parturiente desenvolver o quadro, estão:  

-Antecedentes históricos ou familiares de depressão ou transtornos mentais 

-Falta de apoio familiar na gravidez 

-Gravidez conturbada ou não planejada 

-Estresse, problemas familiares, de relacionamento ou financeiros 

-Ter apresentado depressão na gravidez 

-Transtorno bipolar pregresso 

-Histórico de TPM em forma grave 

-Violência doméstica, abuso,  

Atualmente 25% das mães no Brasil são acometidas por depressão no puerpério. Entre as complicações do quadro estão: 

-Prejuízos a amamentação 

-Atrasos no calendário vacinal do bebê 

-Baixo peso e risco de desidratação 

-Pouca estimulação psicomotora do bebê 

-Prejuízos na ligação psicoafetiva mãe-bebê 

Os sintomas de depressão no puerpério são parecidos com os da depressão na gravidez, porém costumam ser mais graves e são: 

-Melancolia intensa 

-Irritabilidade 

-Perda ou ganho de peso 

-Choro, desespero 

-Sentimentos de desamparo, desesperança 

-Vontade súbita de fazer mal ao bebê  

-Falta de energia, cansaço extremo 

-Desmotivação profunda diante da vida, do trabalho ou da família 

-Insegurança para cuidar do bebê 

-Aumento ou diminuição exacerbada do sono 

-Falta de libido, desinteresse sexual 

-Sentimento de culpa e/ou preocupação exagerados 

-Transtornos alimentares 

-Ansiedade, medo de situações novas 

-Pensamentos de morte, suicídio ou automutilação 

Crianças filhos de mães com depressão pós-parto podem desenvolver problemas de comportamento, hiperatividade, dificuldade para dormir e comer, crises de birra, ansiedade, atrasos na linguagem e aprendizagem.  

O diagnóstico da depressão pós-parto é basicamente clínico e os sintomas podem aparecer até 4 semanas após o parto. O diagnóstico diferencial entre uma categoria clínica de depressão e uma disfunção tireoidiana ou outro problema de ordem orgânica deve ser analisado pelo médico através de exames específicos conforme a clínica dos sintomas. 

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O tratamento da depressão puerperal é individual e conforme a gravidade de cada caso. Medicamentos antidepressivos, que atualmente não prejudicam a amamentação e os cuidados com o bebê, combinados com um processo psicoterapêutico, levam a mulher a restabelecer seu estado de humor natural e assim sua capacidade de exercer a maternidade. 

Um aconselhamento psicoterápico para a família (parceiro ou familiares próximos à paciente) é essencial nesse momento, pois auxiliará no processo de readaptação psicoafetiva mãe-bebê e favorecerá a harmonização no contexto intrafamiliar. 

A prevenção, contudo, sempre é o melhor caminho. Evitar uma crise depressiva é difícil, porém investir em qualidade de vida antes e durante a gravidez pode prevenir muitos problemas. Fazer um bom planejamento pré-natal, praticar exercícios adaptados para antes e durante a gravidez, adotar uma dieta balanceada, atentar para a qualidade do sono, investir em acompanhamento psicológico, cultivar hábitos que tragam energia para mente e para o corpo, tudo isso irá garantir uma gravidez e um pós-parto com saúde e sucesso! 

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